domingo, 24 de maio de 2009

Reforma Ortográfica

Não é de hoje que os integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pensam em unificar as ortografias do nosso idioma. Desde o início do século XX, buscava-se estabelecer um modelo de ortografia que pudesse ser usado como referência nas publicações oficiais e no ensino. No quadro a seguir há, resumidamente, estão as principais tentativas de unificação ortográfica já ocorridas entre os países lusófonos. No Brasil, note que já houve duas reformas ortográficas: em 1943 e 1971. Assim, um brasileiro com mais de 65 anos está prestes a passar pela terceira reforma. Em Portugal, a última reforma aconteceu em 1945.


Cronologia das Reformas Ortográficas na Língua Portuguesa


Séc XVI até ao séc. XX - Em Portugal e no Brasil a escrita praticada era de caráter etimológico (procurava-se a raiz latina ou grega para escrever as palavras).

1907 - A Academia Brasileira de Letras começa a simplificar a escrita nas suas publicações.

1910 - Implantação da República em Portugal – foi nomeada uma Comissão para estabelecer uma ortografia simplificada e uniforme, para ser usada nas publicações oficiais e no ensino.

1911 - Primeira Reforma Ortográfica – tentativa de uniformizar e simplificar a escrita de algumas formas gráficas, mas que não foi extensiva ao Brasil.

1915 - A Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a ortografia com a portuguesa.

1919 - A Academia Brasileira de Letras revoga a sua resolução de 1915.

1924 - A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras começam a procurar uma grafia comum.

1929 - A Academia Brasileira de Letras lança um novo sistema gráfico.

1931 - Foi aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre o Brasil e Portugal, que visava suprimir as diferenças, unificar e simplificar a língua portuguesa, contudo não foi posto em prática.

1938 - Foram sanadas as dúvidas quanto à acentuação de palavras.

1943 - Foi redigido, na primeira Convenção ortográfica entre Brasil e Portugal, o Formulário Ortográfico de 1943.

1945 - O acordo ortográfico tornou-se lei em Portugal, mas no Brasil não foi ratificado pelo Governo. Os brasileiros continuaram a regular-se pela ortografia anterior, do Vocabulário de 1943.

1971 - Foram promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências ortográficas com Portugal.

1973 - Foram promulgadas alterações em Portugal, reduzindo as divergências ortográficas com o Brasil.

1975 - A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboram novo projeto de acordo, que não foi aprovado oficialmente.

1986 - O presidente brasileiro José Sarney promoveu um encontro dos sete países de língua portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe - no Rio de Janeiro. Foi apresentado o Memorando Sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

1990 - A Academia das Ciências de Lisboa convocou novo encontro juntando uma Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – as duas academias elaboram a base do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O documento entraria em vigor (de acordo com o 3º artigo do mesmo) no dia 1º de Janeiro de 1994, após depositados todos os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo português.

1996 - O último acordo foi apenas ratificado por Portugal, Brasil e Cabo Verde.

2004 - Os ministros da Educação da CPLP reuniram-se em Fortaleza (Brasil), para propor a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, mesmo sem a ratificação de todos os membros.


O novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa traz normas que unificam o idioma português nos países Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.



As novas regras ortográficas entraram em vigor desde o dia 1º de janeiro de 2009 e, conforme o decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os falantes do idioma terão até dezembro de 2012 para se adaptarem à nova escrita. Nesse período, as duas normas ortográficas poderão ser usadas e aceitas como corretas nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos. Em Portugal, cerca de 1,6% das palavras serão alteradas. No Brasil, apenas 0,5%.

É importante ressaltar que a proposta do acordo é meramente ortográfica. Assim, restringe-se à língua escrita, não afetando aspectos da língua falada. Além disso, a reforma não eliminará todas as diferenças ortográficas existentes entre o português brasileiro e o europeu.


1- ACENTO AGUDO

1.1 O acento agudo DESAPARECERÁ nos ditongos (encontros de duas vogais proferidas em uma só sílaba) abertos ei e oi das palavras paroxítonas (aquelas cuja sílaba pronunciada com mais intensidade é a penúltima).

Exemplos:
Mais exemplos:

alcateia, assembleia, asteroide, celuloide, colmeia, Coreia, epopeia, estreia, heroico, joia, odisseia, paranoia, plateia, apoia (verbo apoiar), apoio (verbo apoiar).

Atenção!

Essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam sendo acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.

Exemplos:

papéis, herói, heróis, troféu, troféus, chapéu, chapéus, anéis, dói, céu, ilhéu.

Exemplos:

1.2 O acento agudo também DESAPARECERÁ nas palavras paroxítonas com i e u tônicos formando hiato (sequência de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes), quando vierem após um ditongo.

Exemplos:

baiúca -> baiuca
bocaiúva -> bocaiuva
feiúra -> feiura

Atenção!

Se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece.

Exemplos:


tuiuiú, Piauí.

1.3 O acento agudo também DESAPARECERÁ nas formas verbais que possuem o u tônico precedido das letras g ou q e seguido de e ou i. Esses casos ocorrem apenas nas formas verbais de arguir e redarguir.


Exemplos:


argúis -> arguis
argúem -> arguem
redargúis -> redarguis
redargúem -> redarguem


2 - ACENTO DIFERENCIAL

O acento diferencial é utilizado para auxiliar na identificação de palavras homófonas (que possuem a mesma pronúncia). Com o acordo ortográfico, ele deixará de existir nos seguintes casos: pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

Atenção!

-Existem duas palavras que CONTINUARÃO recebendo ACENTO DIFERENCIAL:

pôr (verbo) -> para não ser confundido com a preposição por.
pôde (verbo poder conjugado no passado) -> para que não seja confundido com pode (forma conjugada no presente).

-PERMANECEM os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir).

Exemplos:

Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.

É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara.

Exemplo:

Qual é a forma da fôrma de bolo?

3 - ACENTO CIRCUNFLEXO

3.1 O acento circunflexo deixará de ser utilizado em palavras com terminação ôo.

Exemplos:

Mais exemplos:

abençoo (abençoar) , coo (coar), coroo (coroar), doo (doar), moo (moer), perdoo (perdoar), povoo (povoar), voos (plural de voo), zoo (zoar).

3.2 O acento circunflexo deixará de ser utilizado nas terminações êem, que ocorrem nas formas conjugadas da terceira pessoa do plural dos verbos ler, dar, ver, crer e seus derivados.

Exemplo:

Mais exemplos:

creem, deem, veem, descreem, releem, reveem.

Atenção!

Os verbos ter e vir (e seus derivados) CONTINUAM sendo ACENTUADOS NA TERCEIRA PESSOA DO PLURAL.

Exemplos:

Eles têm três filhos.
Eles detêm o poder.
Eles vêm para a festa de sábado.
Eles intervêm na economia.

4- Trema


O trema, sinal gráfico utilizado sobre a letra u dos grupos que, qui, gue, gui, deixa de existir na língua portuguesa. Lembre-se, no entanto, que a pronúncia das palavras continua a mesma.

Exemplos:

Mais exemplos:

aguentar, bilingue, consequência, delinquente, frequente, linguiça, sequência, sequestro, tranqüilo.

Atenção!

O acordo prevê que o trema seja mantido apenas em nomes próprios de origem estrangeira, bem como em seus derivados.

Exemplos:

Bündchen, Müller, mülleriano.

5 - ALFABETO

O alfabeto passará a ter 26 letras. Além das atuais, serão incorporadas oficialmente as letras k, w e y. Observe a posição das novas letras no alfabeto:

6 - HÍFEN

6.1 O hífen DEIXARÁ de ser EMPREGADO quando o PREFIXO TERMINAR EM VOGAL DIFERENTE DA VOGAL QUE INICIAR O SEGUNDO ELEMENTO.

Exemplos:

Mais exemplos:

agroindustrial, autoafirmação, autoaprendizagem, autoestrada, contraindicação, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiárido, semiautomático, supraocular, ultraelevado.

6.2 O hífen DEIXARÁ de ser EMPREGADO quando O PREFIXO DA PALAVRA TERMINAR EM VOGAL E O SEGUNDO ELEMENTO COMEÇAR COM AS CONSOANTES S OU R. Nesse caso, a CONSOANTE SERÁ DUPLICADA.

Exemplos:

Mais exemplos:

antessala, antirreligioso, antissemita, autorretrato, antissocial, arquirromântico, autorregulamentação, contrarregra, contrassenso, extrarregimento, extrasseco, infrassom, neorrealismo, ultrarresistente, ultrassonografia, semirreta, suprarrenal.

6.3 NÃO se utilizará mais o HÍFEN nas palavras que, pelo uso, PERDERAM A NOÇÃO DE COMPOSIÇÃO .

Exemplo:

Mais exemplos:

mandachuva, paralama, parabrisa, parachoque, paraquedista, paravento.

Atenção!

Com o novo acordo, o hífen passará a ser utilizado quando a palavra for formada por um prefixo terminado em vogal e a palavra seguinte iniciar pela mesma vogal.

Exemplo:

Mais exemplos:

anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, contra-ataque, micro-ondas, semi-interno.

Atenção!

Se o prefixo terminar com consoante, usa-se hífen se o segundo elemento começar com a mesma consoante.

Exemplos:

hiper-requintado, inter-racial, super-resistente, super-romântico.

Lembre-se de que, nos demais casos, não se usa o hífen.

Exemplos:

hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.


Fontes:
http://www.soportugues.com.br/

http://did-smec.blogspot.com/

http://www.reformaortografica.com/

postado por
Kátia Monique Lemos Mothé
Laboratório de Informática Educativa

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